Etica e Medicina Paliativa
A medicina paliativa é uma
especialidade abrangente, que tem como objetivo geral melhorar a qualidade de
vida dos doentes que enfrentam doenças graves e incuráveis, prevenindo e
aliviando o seu sofrimento. Esta amenização do sofrimento é realizada com
recursos à identificação e tratamento da dor físico, mas tendo em conta fatores
psicológicos, sociais e espirituais.
O início dos cuidados paliativos modernos remonta à década de
sessenta do século XX, com a fundação do Hospício de S. Cristóvão, em Londres,
por Dame Cicely Saunders.
Os cuidados paliativos, em Portugal, são uma actividade recente, tendo as primeiras iniciativas surgido apenas no início dos anos 90 do século passado. No entanto, já há relatos de visão paliativa em textos médicos portugueses no século XVI. Este dado interessante contrasta, porém, com a demora bastante significativa da implantação dos cuidados paliativos em Portugal, se o compararmos com a realidade de outros países europeus.
Os cuidados paliativos, em Portugal, são uma actividade recente, tendo as primeiras iniciativas surgido apenas no início dos anos 90 do século passado. No entanto, já há relatos de visão paliativa em textos médicos portugueses no século XVI. Este dado interessante contrasta, porém, com a demora bastante significativa da implantação dos cuidados paliativos em Portugal, se o compararmos com a realidade de outros países europeus.
De acordo com a
Organização Mundial de Saúde, os cuidados paliativos devem estar de acordo com
alguns princípios fundamentais. De entre estes princípios, destacamos os
seguintes:
·
Os cuidados paliativos têm como fundamento melhorar a qualidade de vida,
dar confiança à vida dos pacientes e prepará-los para a morte, fazendo-os
encarar esta como um processo natural. É neste contexto que este tipo de
cuidado médico tem em conta os aspetos espirituais e sociais do paciente;
·
Os cuidados paliativos devem
privilegiar uma abordagem multidisciplinar, por meio de diferentes
profissionais, tais como médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, psicólogos,
assistentes sociais, entre outros. Isto tem como objetivo dar-se ao paciente e
à sua família a capacidade de lidar com os seus problemas.
·
Este tipo de cuidados devem ser dados desde as fases mais iniciais da
doença e não apenas na fase terminal.
Do artigo Mount
BM. The 10 commandments of healing. J Cancer Educ. 2006Spring;21(1):50-1, escolhemos dois
“mandamentos” e fizemos uma reflexão relacionada com a temática ética e
medicina paliativa.
“Attend to
you whole needs”
Segundo o “mandamento” a pessoa no seu todo é constituída
pelos elementos corpo, mente e espírito. Assim, tratar de alguém é muito mais
que tratar os seus sintomas físicos e as manifestações clinicas da doença.
Devemos debruçar-nos também sobre a forma como a doença intervém na mente e
espírito da pessoa. Deste modo, o cuidado sobre esta identidade mais abstracta
tem grandes repercussões na melhoria do estado de saúde dos doentes. Consideramos
que cada paciente é diferente em cada um destes elementos chave. Com isto, não
tratamos um doente apenas com os conceitos que nos foram leccionados, mas
através da percepção desta diferença e de gestos que os dignifiquem. O que
dignifica o doente que vemos hoje pode não ser o mesmo que dignificará o
doente, com a mesma patologia, que iremos observar no dia seguinte. Essa noção
não está “escrita” no nome da doença, é um valor intrínseco único e cabe-nos a
nós reflectir sobre ele.
“Listen to
your intuition”
Devemos seguir os nossos instintos e não limitar a nossa acção como
médico aos conceitos que aprendemos na escola. Uma vez que “somos seres
espirituais” e o nosso trabalho “é espiritual, cheio de significado e
propósito” os nossos instintos carregam respostas a muitas questões que surgem
na prática clínica.
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